quarta-feira, 18 de junho de 2008

CHUVAS PODEM FAZER EUA COMPRAR MAIS ETANOL DO BRASIL

Opinião é de porta-voz de associação americana de comércio do biocombustível.


As chuvas que vêm castigando o Meio Oeste americano - a principal região produtora de etanol no país - e provocando a perda de vastas colheitas de milho poderão contribuir para que os Estados Unidos importem mais etanol brasileiro.

É essa a opinião de Matt Hartwig, porta-voz da Renewable Fuels Association (RFA), a associação americana de comércio para a indústria de etanol do país.

Em entrevista à BBC Brasil, Hartwig disse ser possível que os Estados Unidos passem a contar com ''uma crescente importação do etanol brasileiro".

"Historicametne, sempre que o mercado de etanol precisou de produtos, os importados entraram e competiram de forma muito eficaz'', disse ele.

O representante da associação comercial comparou a atual situação com a vivida em 2006, quando a indústria petrolífera eliminou da gasolina o aditivo MTBE e o substituiu pelo etanol.
Naquela ocasião, conta Hartwig, ''registramos um aumento do etanol importado do Brasil, de nações caribenhas e também de outras fontes''.

Subsídios e tarifas
A indústria do biocombustível nos Estados Unidos conta com generosos subsídios do governo e o produto brasileiro enfrenta uma sobretaxa de US$ 0,54 para entrar no mercado americano.
Hartwig afirma que mesmo que o mercado aumente sua demanda por etanol importado, a taxa cobrada sobre o etanol brasileiro não deve ser eliminada.

''A tarifa não é uma barreira para a entrada do produto brasileiro. Ela existe para prevenir que o contribuinte americano tenha de contribuir para um produto que já conta com pesados subsídios nas indústrias de outros países''.

O representante comercial acrescenta que ''certamente, os brasileiros fizeram um trabalho admirável em construir a sua indústria e nós os saudamos por isso. Mas a nossa posição é a de que não cabe ao contribuinte americano subsidiar esse desenvolvimento contínuo''.

Contrastes
O etanol americano é produzido à base de milho, enquanto que o biocombustível brasileiro é feito a partir da cana-de-açúcar.

Muitos analistas e até mesmo o Banco Mundial afirmam que o modelo americano de produção de etanol é mais nocivo ao meio ambiente e tem um peso maior sobre o preço de alimentos do que o modelo brasileiro, uma vez que o milho também serve de ração de animais de pasto, provocando também a alta de produtos de suínos e bovinos.

As enchentes provocaram a disparada do preço do milho, que atingiu US$ 8 o búshel (unidade de medida equivalente, no caso do milho, a 25,4 quilos), o preço mais alto já registrado na história.

Em um comunicado, o presidente da RFA, Bob Dinneen, afirmou que ''está claro que esta situação sem precedentes deverá fazer com que os preços já elevados de grãos permaneçam em alta, provocando mais sacrifícios às indústrias que dependem de milho e de outras colheitas''.

Fechamento de usinas
A situação se agravou ainda com o fechamento de duas usinas de etanol, provocados pelas chuvas. Os Estados Unidos contam com 154 usinas de etanol.

Matt Hartwig argumenta que ainda é cedo para definir quanto os Estados Unidos precisarão importar, uma vez que não se sabe por enquanto o pleno impacto das chuvas.

A Citi Investment Research, a unidade de pesquisas no mercado de ações do Citibank, disse que cinco plantas de porte médio foram fechadas devido à alta do etanol.

Segundo a agência, devido à alta do milho, os Estados Unidos poderão perder de 2 a 5 bilhões galões de sua capacidade de produção anual de etanol, que atualmente é de 8,8 bilhões de galões anuais.
Atualmente, os americanos importam entre 200 a 300 milhões de galões por ano de etanol.



FONTE: G1 -Economia e Negócio

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